DESFILES NAS SEMANAS INTERNACIONAIS DE MODA? ESTE ANO NÃO, OBRIGADO

Desfile da Saint Laurent na Semana de Moda de Paris: participação cancelada (Getty Images/Getty Images).

Loja da Ermenegildo Zegna: grife apresentará suas coleções em uma plataforma digital (LEO FELTRAN/VEJA).

O estilista francês Yves Saint Laurent, falecido em 2008, foi pioneiro em diversas criações, como o smoking feminino, que viraria um símbolo da emancipação feminina. Agora, a marca que leva seu nome foi inovadora em outro sentido: tornou-se a primeira grife a decretar que não desfilará mais este ano, como consequência da atual crise causada pela propagação do coronavírus.

Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 27 de abril, a grife afirma que seguirá agora seu próprio ritmo. “Consciente da atual circunstância e da consequente onda de mudança radical, Saint Laurent decidiu adquirir controle de seu próprio passo e remodelar seu calendário.”

Em entrevista ao site WWD, o diretor criativo Anthony Vaccarelo afirmou: “Sabemos há anos que algo precisava mudar. O momento é agora. Eu não quero lançar uma coleção porque tenho um prazo, e sim quando estiver pronto.” E segue: “O que está fora de moda hoje é o calendário de todo o sistema: os desfiles, os showrooms, os pedidos.”

No dia seguinte, foi a vez da italiana Ermenegildo Zegna anunciar a mesma bem-vinda decisão. A marca masculina disse, também em comunicado, que decidiu conceber “um formato digital que permita a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, experimentar a emoção do novo Ermenegildo Zegna XXX Coleção 2021 com a mesma força.”

As marcas internacionais de moda fazem pelo menos dois grandes desfiles por ano, um de primavera / verão e outro de outono / inverno. Portanto, precisam produzir ao menos duas coleções anuais. Algumas fazem apresentações entre as duas temporadas, chamadas de cruise. E há também a temporada de alta costura.

Haja tendência para justificar tanta produção. Sem contar que, assim que uma peça é apresentada na passarela, milhões de cópias inundam as araras das fast fashions como a Zara no mundo inteiro. Difícil pensar em uma cadeia menos sustentável – e menos condizente com as atuais crise econômica e revisão de valores provocadas pela pandemia. Na prática, os cruises de abril e maio, as semanas de moda masculina em junho e a semana de alta costura de julho já haviam sido cancelados ou adiados. Somente a temporada feminina de primavera / verão em setembro está mantida, por enquanto. Saint Laurent e Zegna ainda tinham chance de se apresentar, como as demais grifes. A decisão de ambas é bastante simbólica.

Fica agora a pergunta: qual será a próxima marca a desembarcar desse datado calendário da moda?

Fonte: reportagem de Ivan Padilha para Exame


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