CRIATIVISMO JÁ!

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Ativismo com criatividade = criativismo. Usei esse termo pela primeira vez – assim, em português – depois de vê-lo aplicado numa palestra em inglês. Acho perfeito para a indústria criativa, nesses dias de desesperança. Não é de hoje que se discute o papel das marcas na sociedade. Gerar bons produtos ou serviços e disponibilizá-los a preços compatíveis é default. Espera-se mais das marcas. Espera-se atitude e empatia. Espera-se engajamento a causas. Espera-se criativismo!

Para exemplificar, resgato aqui quatro cases, três deles vencedores de Grand Prix no Cannes Lions, e um, brasileiro, vencedor de Grand Prix no Ampro Globes 2020. O primeiro deles vem da França.

Imagine a grande rede de supermercados Carrefour peitando uma lei, se insurgindo contra uma determinação legal. Foi isso mesmo! Na França, só podiam ser vendidos frutas, legumes e hortaliças brotados de sementes previamente certificadas. Ou seja, todo o mercado de orgânicos e de pequenos produtores estava totalmente prejudicado.

O que fez o Carrefour? Simplesmente ignorou a lei e criou o que chamou de Black Market, um verdadeiro mercado negro, onde passou a vender, escancaradamente, nas próprias lojas, os tais produtos “proibidos”. Resultado? A iniciativa mobilizou o congresso francês e a lei foi revogada.

Caso 2, da grande rede de móveis, decoração e utensílios para a casa Ikea. Em Israel, a rede se deu conta que seus móveis eram inadequados para perto de 10% da população, exatamente o grupo de pessoas com algum tipo de deficiência física. O que fez a loja? Convocou alguns desses deficientes para, junto com seus engenheiros, desenvolverem uma série de acessórios para tornar seus móveis acessíveis. Além de vendê-los em suas lojas, a Ikea disponibilizou seus projetos online, para quem quisesse produzi-los em impressoras 3D.

Caso 3, também ganhador de Grand Prix em Cannes: a marca Carlings, com forte presença na Escandinávia, criou roupas virtuais para quem gosta de se exibir nas redes sociais. Como forma de combater o consumismo exagerado, a marca criou um App onde você faz o download de roupas do seu agrado, que são “vestidas” virtualmente numa foto sua.

Assim, você pode mostrar todo seu estilo no Insta, sem precisar comprar um montão de roupas de vida curta. E a renda era dirigida para uma instituição de proteção da água.

E, finalmente, o caso mais recente, brasileiro. A rede brasileira de lojas de móveis e decoração Etna, incomodada com a forma com que o móvel de cabeceira ainda é chamado: “criado-mudo”, decidiu eliminar o termo do seu catálogo e também estimulou seus concorrentes a fazerem o mesmo. Criado-mudo nunca mais foi a campanha criada pela TracyLocke e aprovada pela Etna.

Para quem não sabe, criado-mudo era a forma com que patrões chamavam seus escravos, que deviam permanecer junto à cabeceira da cama, para servir seu amo. E devia fazê-lo em completo silêncio, para não incomodar o patrão. Daí o termo ser usado para o móvel de cabeceira.

Estes 4 cases exemplificam ações de empresas em prol de uma sociedade melhor. E o que me inspirou a escrever este artigo agora foi a atitude de um grupo de pessoas, empresas e instituições, que se uniu para impulsionar o processo de vacinação. Unidos pela vacina! é o nome do grupo, que é liderado pela empresária Luiza Helena Trajano.

Iniciado pelo grupo Mulheres do Brasil, o movimento rapidamente ganhou corpo, atraindo nomes emblemáticos, como Nizan Guanaes, por exemplo, além da imprensa e de instituições, como a Ampro, que eu represento. O grupo está indo lá na ponta, nos municípios, para ver como pode ajudar a viabilizar uma campanha de vacinação rápida e eficaz.

Infelizmente, o grupo não pode comprar vacinas, atribuição do governo federal, mas estaremos todos a postos para ajudar, esquecendo ideologias e aspectos políticos. Porque só com uma imunização eficiente voltaremos a dinamizar nossos negócios. Ativismo já! Ou melhor: criativismo já!

Fonte: artigo de Alexis Thuller Pagliarini



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