COVID-19 SE PROPAGA QUASE TRÊS VEZES MAIS NO INTERIOR DE MG QUE EM BH

COVID-19 SE PROPAGA QUASE TRÊS VEZES MAIS NO INTERIOR DE MG QUE EM BH


Identificado pela primeira vez em Minas Gerais no começo de março, o coronavírus avançou com mais capilaridade pelo estado dois meses depois. Só em maio, 277 cidades mineiras tiveram o primeiro caso confirmado de COVID-19. Porém, não é apenas a chegada do vírus ao interior que causa preocupação, mas também a velocidade de disseminação da doença nesses municípios. De acordo com análise do Estado de Minas com base em dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o coronavírus se propagou quase três vezes mais no interior que em Belo Horizonte no mês passado.

O Estado de Minas analisou comparativamente o avanço do coronavírus em três recortes geográficos: Minas Gerais, Belo Horizonte e o interior. Os números de cada uma dessas regiões foram avaliados em três perspectivas temporais: maio como um todo, a última quinzena e a última semana do mês. Em todos os cenários, os melhores resultados foram de BH, enquanto os piores dizem respeito às demais cidades.

Entre os dias 1º e 31 do mês passado, a quantidade de casos de COVID-19 no interior saltou de 1.325 para 8.612, o que corresponde a uma alta de 549%. Em BH, o número cresceu de 610 para 1.852, um aumento de 203%. Fora da capital, portanto, o vírus se propagou 2,7 vezes mais.

Proporcionalmente, a quantidade acumulada de mortes por COVID-19 em maio também cresceu mais em cidades do interior. Fora de BH, o acréscimo foi de 226% no total de óbitos. Na capital, a alta chegou a 145%.

A evolução dos números de mortes e casos confirmados nos três recortes geográficos analisados mostra que Belo Horizonte apresenta curvas mais achatadas que as do interior e do estado como um todo (gráficos abaixo).

interiorização do vírus desperta preocupação das autoridades de saúde, especialmente para casos de municípios que não possuem estrutura hospitalar adequada para atender pacientes com COVID-19. “Em cidades pequenas temos dificuldades até de recursos humanos”, disse o secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, na última segunda-feira.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Explicação

Cidades do interior de Minas, em geral, possuem densidade demográfica inferior em relação à capital e, portanto, têm menor potencial de propagação do vírus. Como então explicar a disseminação mais acelerada da COVID-19 longe de Belo Horizonte?

Segundo o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Antônio Toledo Júnior, a resposta é clara: os maiores índices de isolamento social em BH. “É o isolamento. Se está propagando mais vírus (em certas cidades do interior), é porque teve menos isolamento. É simples assim. Em Belo Horizonte, houve isolamento”, explica.

A capital adota medidas restritivas de circulação de pessoas desde 18 de março. No interior, cada prefeito tem autonomia para decidir as normas de enfrentamento à pandemia. O governo estadual, porém, criou o plano ‘Minas Consciente’, com diretrizes para que os municípios estabeleçam o grau de abertura do comércio.

Apesar ter apresentado resultados tecnicamente satisfatórios nos primeiros meses de enfrentamento ao vírus, a capital mineira também tem preocupado especialistas. “Até o final do mês passado, Belo Horizonte estava com um percentual de isolamento mais alto. O que eu tenho visto é as pessoas se cuidando menos, muita gente sem máscara nas ruas, muita gente usando máscara errado, muita gente batendo papo sem máscara. A tendência, diante desse cenário, é aumentar o número de casos em BH também, tanto que  a prefeitura parou a progressão da reabertura do comércio”, disse Antônio Toledo Júnior.

Além da própria Belo Horizonte, os responsáveis por definir os rumos do combate à COVID-19 da PBH se mostram preocupados com o avanço do vírus no interior. Por ser polo estadual de saúde, a capital recebe pacientes de diferentes regiões de Minas Gerais. A interiorização da doença, portanto, também pode ser um problema para os hospitais de BH.

As curvas (de propagação da doença) no interior estão exponenciais. Assustadoramente exponenciais. E nós aqui não estamos chamando a atenção de ninguém. Nós aqui estamos no espírito de colaboração para avisar a todas as cidades, a Grande BH, o que está acontecendo. Cada um faz o que quer, mas nós temos obrigação de avisar o que está acontecendo no interior”, alertou o prefeito de BH, Alexandre Kalil, ao anunciar, na última sexta-feira, que não ampliaria a reabertura do comércio na cidade.

Segundo boletim epidemiológico divulgado pela SES nessa terça-feira, Belo Horizonte 1.912 casos de COVID-19, dos quais 51 evoluíram para óbito. No interior, eram 9.129 infectados e 238 mortes.

Matéria publicada no Estado de Minas.
Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press



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