A REINVENÇÃO DO TEATRO NO CONTEXTO PANDÊMICO.

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As cortinas se fecharam por tempo indeterminado durante a pandemia, mas é claro que para uma área tão criativa o show não poderia parar. Esse foi só um empurrão para que as apresentações teatrais inovassem e mudassem de palco.

Mas afinal, para onde foram os artistas de teatro?

A resposta nesse mundo hiperconectado está na ponta da língua: a internet.

Como é de se esperar, essa mudança não foi nada fácil.

O que fazer para que a transmissão esteja alinhada com o jogo de luzes e personagens do espetáculo? Como fazer para que a performance não fique monótona? Como transpor para o digital os recursos que eram usados no presencial?

Pois é, não foi tão simples, mas temos ótimos exemplos de quem se reinventou, dando um show de resiliência e criatividade!


Teatro televisionado

Ainda tentando entender o seu lugar nesse  mundo digital, a primeira solução para o teatro não poderia ser outra: disponibilizar peças teatrais gravadas em plataformas de streaming. 

O National Theatre de Londres, por exemplo, fez uma parceria com a Amazon Prime e com a Phoebe Waller-Bridge, protagonista da premiada série Fleabag.

A gigante do streaming exibiu a performance da atriz nos palcos do teatro londrino quando ela encenava a peça que deu origem a série.

Fugindo um pouco do mainstream, a plataforma Marquee TV surgiu com a missão de digitalizar a experiência do ballet, ópera e teatro. Algumas produções gigantescas, como Shakespeare e o Ballet de Bolshoi, são transmitidas ao vivo e sob demanda.


Experiências teatrais imersivas

Ao passo que o teatro foi criando mais intimidade com o ambiente virtual, a criatividade tomou conta e fez com que novas experiências imersivas brilhantes fossem inventadas.

Swamp Motel é um excelente exemplo disso. Essa é uma encenação teatral de suspense (em inglês) rodada em um ambiente totalmente virtual, onde os personagens conduzem o público em um jogo.

O desenrolar depende totalmente da participação dos espectadores (que nesse cenário se tornam jogadores), e eles precisam buscar pistas  na própria plataforma do zoom e também  no Facebook, Google e Youtube para solucionar a trama.

Outra obra teatral nascida no contexto pandêmico e que foi sucesso de crítica e público foi a Eschaton (em inglês), uma criação para lá de original. O participante podia escolher em qual sala do zoom iria entrar, e cada uma delas tinha um anfitrião um tanto quanto excêntrico. Desde uma pessoa vestida de rato lendo alguma coisa tranquilamente como se nada tivesse acontecendo, até uma mulher fazendo uma performance de Cabaret em um apartamento minúsculo de Nova York. Já algumas ” eram trancadas e só podiam ser acessadas se um quebra-cabeças fosse desvendado. Quer algo mais interativo que isso?

E se você estivesse no sofá da sua sala, mas pudesse participar de uma experiência que simulasse uma viagem de avião com duração de 8 horas?

Essa foi a proposta do grupo Galpão, que através do aplicativo Telegram, enviou para a plateia fotos, áudios, GIFS, mensagens de texto e até avisos da aeromoça!

Nessa peça, a saudade de viajar que a pandemia provocou foi deixada para trás. O público realmente pôde embarcar em uma viagem divertidíssima sem sair de casa.

Ainda da mesma companhia teatral, o grupo estreou o projeto “Quer ver escuta”, definido como uma peça radiofônica.

Cada um dos atores gravou diferentes sons do cotidiano, desde uma colher batendo na panela até os barulhos da rua. Tudo isso compôs essa experiência radical onde o público só tem como recurso a escuta.


Ideias curiosas que despertam a atenção

The Kill One Race é uma peça teatral virtual um tanto (ou muito) macabra que foi inspirada no romance distópico Kill One de 1963. Ao mesmo tempo em que se ironiza o formato dos reality shows, ela ao mesmo tempo simula um.

O apresentador guia o público por várias provas com obstáculos sociais e éticos, e claro, todos os passos são gravados. Mas o mais assustador você vai saber agora: o vencedor de tudo isso “morre” (calma que é uma eliminação metafórica, gente).

No site não há uma informação sobre como esse “prêmio da morte” acontece, fica a dúvida no ar, né? Mas se você tiver coragem de participar e conseguir sobreviver, conta para a gente depois?


Presencial adaptado

Em tempos de distanciamento social, a Companhia Bendita Trupe encontrou uma ótima solução para conseguir voltar com o teatro presencial em São Paulo.

A peça foi encenada em um estacionamento ao ar livre e que cada um ficava no seu quadrado, literalmente! O assento na verdade era uma cabine plástica individual.

Talvez um pouco de claustrofobia, uma visão um tanto turva… mas tudo fazia parte da experiência.

O que será do amanhã? Aqui no øclb a gente costuma dizer que “o gênio não vai voltar para a lâmpada”.O que isso significa:

O entretenimento ao vivo já sentiu o gostinho do digital: foi lá e se jogou, testou e colocou suas produções no mundo!

Essa imersão no virtual fez com que o teatro chegasse em um novo estágio: os palcos não têm mais fronteiras. Enquanto a pandemia trouxe uma restrição do presencial, foi também um trampolim para a expansão do público dos espetáculos.

A expertise que foi adquirida para esse novo formato não pode ser ignorada. A partir de agora, a tendência é que o entretenimento comece a pensar em experiências nativas digitais, ou seja, pensadas primeiramente pro ambiente virtual.

Mesmo com a volta do presencial, o virtual seguirá sendo um importante braço pro entretenimento, tanto de uma nova fonte de receita quanto como um formato que permite uma maior liberdade para criar.

Isso que nem estamos falando de realidade estendida (XR), 5G e Inteligência Artificial ainda… Já imaginou como serão as peças do futuro?

Fonte: Capsula



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