A BRASILEIRA SPEEDBIRD AERO QUER FAZER O DELIVERY POR DRONE DECOLAR

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Motos, carros, vans, bicicletas patinetes, entregadores a pé, lockers e lojas que funcionam como mini-hubs de distribuição. Com o avanço do e-commerce e dos aplicativos de delivery, o pacote de opções para uma encomenda chegar nas mãos de seu destinatário, em menor tempo, é cada vez mais amplo.

No Brasil, esse leque deve ganhar, em breve, mais uma alternativa. Na semana passada, a Speedbird Aero, startup de Franca (SP), foi a primeira empresa a receber o sinal verde da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para testar a entrega de produtos com drones no País.

O certificado da Anac tem caráter experimental. Válido até agosto de 2021, ele permite que o modelo DLV-1 faça os primeiros voos além do alcance visual do piloto nessa modalidade. O equipamento, que pesa 9 kg e transporta até 2 kg, poderá percorrer até 2,5 km do ponto de decolagem e chegar a uma altura máxima de 120 metros.

Ainda há um longo roteiro para que o delivery com drones ganhe escala e mais aplicações no País, como a entrega direta na casa dos consumidores. Mas a decisão abre boas perspectivas para a integração desse recurso a outros modais e formatos. E também amplia o horizonte da Speedbird Aero. “Nossa meta é ser a primeira empresa brasileira de logística de delivery com drones”, diz Samuel Salomão, cofundador da empresa. CEO e também fundador, Manoel Coelho acrescenta: “Agora, temos a chance real de operar em outra escala e mostrar que essa opção é segura e viável.”

Todos os projetos de drones da Speedbird são desenvolvidos pela própria empresa e montados a partir de componentes importados. A companhia responde ainda pelo software de controle de navegação embarcado nos modelos.

Os voos desses equipamentos seguem rotas pré-definidas e são automatizados, mas são monitorados por um operador. Além do modelo certificado, a empresa conta com o DLV-2, que transporta até 5 kg de carga.

Com essa proposta e ainda sob uma série de limitações, a empresa já tem um histórico de testes realizados. O primeiro deles aconteceu em agosto de 2018, com o transporte de medicamentos em Rifaina, cidade do interior de São Paulo. “No início, nosso viés era mais voltado à área médica”, conta Salomão. “Mas com essa primeira experiência, começamos a ser contatados por empresas de diversos segmentos, de comida até e-commerce.”


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O DLV-1, modelo certificado pela Anac, em ação

Uma dessas companhias foi o iFood, a primeira a testar a solução, em 2019, em Campinas (SP). Em uma das aplicações, o drone coletava o pedido de restaurantes no shopping Iguatemi e levava até o iFood Hub, no empreendimento, de onde a entrega partia para o seu destino com outro modal. “Nessa primeira milha, nós economizamos, em média, de 14 a 16 minutos na entrega”, diz Coelho.

iFood será também a primeira companhia a escalar o formato a partir da autorização concedida pela Anac. A extensão da parceria será feita por meio de um contrato de pesquisa e desenvolvimento, já que o certificado ainda não permite que a Speedbird Aero estabeleça acordos comerciais.

Por conta da Covid-19, a extensão e os locais onde serão feitos essa nova bateria de testes com o aplicativo ainda não foram definidos (O iFood afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria comentar o projeto).

Os projetos não estão restritos ao iFood. Com a chancela da Anac, Coelho diz que a startup tem negociações com 15 empresas. Dessas conversas, três estão prestes a render novas parcerias de P&D e envolvem uma varejista, uma companhia de transportes e outra de telecomunicações. “Nosso conceito já foi provado. Agora, a Anac quer ver a operação em maior escala, com estresse no sistema”, explica Coelho, sobre o processo que será cumprido nos próximos meses. Nesse período, a agência terá acesso aos logs de todos os voos, que só poderão ser realizados durante o dia.

“Nós estabelecemos uma série de condições que eles terão que atender, como distância de terceiros, alturas mínimas e máximas”, afirmou Ailton José de Oliveira, especialista em regulação da Anac, em live realizada na terça-feira, 11 de agosto.

Nos testes para a emissão da certificação, a Anac estabeleceu mais de 150 requisitos de segurança, entre eles, os procedimentos em caso de falha da bateria ou no paraquedas do equipamento. “Todas essas etapas são parte de um processo que ainda vai culminar em um produto comercial”, disse Oliveira.

Para Lucas Florêncio, sócio da AL Drones, consultoria em projetos de drones que assessorou a Speedbird Aero no processo junto a Anac, a nova fase é um marco por permitir que o modelo seja testado em condições reais de operação. “E o potencial dessa aplicação é gigante, dado que o e-commerce e o delivery são mercados bilionários no mundo”, destaca.

As entregas via drones também já movimentam cifras elevadas e a perspectiva é de que a disputa nos céus de todo mundo seja cada vez mais acirrada. A consultoria ResearchAndMarkets prevê que o setor vai saltar de um faturamento global de US$ 14 bilhões, em 2018, para US$ 43 bilhões, em 2024.

Sob essas projeções, esse espaço vem atraindo o interesse de algumas gigantes. Esse é o caso da Wing, empresa da Alphabet, holding que controla o Google. Entre outros projetos, a startup já faz entregas com drones em cidades como Christiansburg, nos Estados Unidos, e Helsinque, na Finlândia.

Outros grandes nomes, como Amazon e UPS, também estão se movimentando nesse espaço. A companhia americana de logística, por exemplo, tem parcerias com empresas como a rede de farmácias CVS para a entrega de medicamentos, além de acordos com startups de drones como a Matternet.

A ResearchAndMarkets ressalta ainda que, desde 2012, as companhias que oferecem esses serviços atraíram mais de US$ 300 milhões em investimentos, sendo o maior deles, o aporte de US$ 120 milhões recebido pela americana Zipline e liderado pelo The Rise Fund, em março de 2019.

E a Speedbird Aero é a mais nova integrante desse clube. A startup acaba de captar seu primeiro investimento, de R$ 2,5 milhões, liderado pela Anjos do Brasil. “Eles foram verdadeiramente pioneiros”, diz Claude Salmona Ricci, um dos investidores.

Além do processo de certificação, os recursos serão aplicados no desenvolvimento de novos modelos, como um drone que irá carregar até 8 kg e um VTOL, como são chamados os veículos de decolagem e aterrissagem vertical, que será destinado ao transporte de cargas em distâncias mais longas.

Antes de atrair investidores, a Speedbird Aero percorreu uma jornada de três anos com recursos de seus fundadores. A startup começou a tomar forma quando Salomão e Coelho viviam em Phoenix, onde trabalhavam na GlobalMed Telemedicine.

Na época, ao identificar o potencial dos drones, Salomão sugeriu que a GlobalMed investisse nesses equipamentos para complementar a oferta de telemedicina da companhia. Com a negativa da empresa, ele deixou o emprego e voltou ao Brasil para tocar a startup. Coelho seguiu no exterior, mas participou ativamente do projeto.

“A ideia era construir uma empresa focada no Brasil e na América Latina, pois não havia ninguém fazendo isso na região”, diz Salomão. Agora, ele planeja voos mais ambiciosos. “Ainda temos muita pista pela frente, mas nosso objetivo, no longo prazo, é criar uma companhia aérea de drones para logística.”

Fonte: Neofeed



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