by Sinapro-MG | 3 de fevereiro de 2021 11:11
No Brasil, o ecossistema de startups[1] voltadas para o setor financeiro — as fintechs[2] — tiveram um ano histórico no quesito investimentos, com um total agregado, em 2020, de quase US$ 2 bilhões, de acordo com dados divulgados no início deste ano no Inside Fintech Report. Além disso, das atuais 17 startups unicórnios brasileiras[3], mais da metade atua de forma direta ou indireta no setor financeiro.
E atentas a esta tendência[4] e movimentação de mercado, recentemente 99, atualmente parte do grupo chinês Didi Chuxing iFood, parte do grupo brasileiro Movile, e Rappi, da Colômbia, transformaram os seus respectivos aplicativos em bancos digitais, com diferentes produtos e soluções bancárias para os parceiros e consumidores[5]. Esta é uma aposta na “fintechzação” de parte dos seus respectivos modelos de negócio.
Como o portal Whow! trouxe em dezembro de 2020[6], a empresa de transporte urbano por app anunciou a possibilidade de ganhos de 220% do CDI em rentabilidade para quem já tem acesso à carteira digital[7] 99 PAY. O formato possibilita a adição de crédito no formato para que os clientes usem o 99 Food, paguem suas corridas, boletos, recarga de celular, além de receber e transferir dinheiro entre outras contas na plataforma.
Com o olhar mais centrado nas empresas parceiras, como restaurantes e pequenos comércios, as startups de entregas, Rappi e iFood, passaram a oferecer contas para pessoasjurídicas, cartão de crédito e empréstimos nos últimos meses.
O RappiBank, produto mais recente no mercado, terá crédito para capital de giro em todas as faixas de faturamento e taxas a partir de 1,7% ao mês e prazo de até 24 meses. “O objetivo é ser um dos quatro ícones da tela principal”, disse o presidente da startup no Brasil, Sérgio Saraiva, ao jornal Folha de São Paulo. Este movimento acrescenta mais um mercado de atuação à lista da empresa que, em outubro do ano passado, anunciou a sua entrada no ramo do turismo.[8]
A instituição já está no processo de pedir autorização ao Banco Central para ser uma instituição de pagamento e Sociedade de Crédito Direto, de acordo com a Rappi. Esta modalidade permite que as fintechs emprestem o próprio dinheiro. Para os consumidores, a Rappi abriu uma lista de espera para quem quiser obter um dos seus dois modelos de cartões, que mira a oferta de cashback, dentro e fora do aplicativo, como diferencial.
Diferente da primeira, o iFood faz parte de uma holding na qual já existe uma fintech e outra empresa do ramo, MovilePay e Zoop, respectivamente. A primeira faz a gestão da carteira digital lançada oficialmente em novembro de 2020 para ser o “banco dos restaurantes” e possibilitar a realização de transações bancárias regulares (pagamentos, recebimentos e transferências, inclusive o PIX), antecipar recebíveis e adicionar QR Code para pagamentos. E a segunda desenvolve soluções de pagamento e conta digital. E para os clientes de Conta Digital do iFood também há a possibilidade de adquirir dois modelos de maquininhas para pagamento. A empresa diz que em três meses de serviço emprestou mais de R$ 100 milhões a pequenos e médios restaurantes que estão na plataforma.
Bruno Diniz, especialista em fintechs, professor universitário e cofundador da Spiralem, consultoria especializada em inovação para o mercado financeiro, comenta ao portal Whow! que este fenômeno, recente no Brasil, não é algo exclusivo por aqui e que companhias varejistas, empresas de telefonia e startups estão desenvolvendo iniciativas próprias direcionadas para um consumidor específico.
“A criação de braços financeiros digitais por empresas de diferentes segmentos (não apenas no nicho de delivery, como é o caso do iFood e Rappi) é um fenômeno que tem se expandido em diversas partes do mundo, sendo batizado de “embedded finance” (ou finanças embutidas)”, aponta. Ele também diz que, o acesso das startups aos dados da vida financeira e das transações de restaurantes e comércios que vendem nas plataformas de entrega, pode resultar em condições melhores em operações de crédito, com a combinação de ofertas financeiras e não-financeiras. “Um exemplo seria a concessão de descontos em taxas de entrega baseada na utilização das soluções financeiras no dia a dia, algo que pode ter grande apelo junto a esse público”, afirma.
E como será que os bancos vão reagir com esse movimento de mercado na nova economia?
“Movimentos como esses certamente vão mexer com os grandes bancos, que irão enfrentar a concorrência de startups hiperespecializadas em seus nichos de atuação,” comenta o especialista em fintechs.
Outro ponto que merece destaque, é a constante absorção de dados dessas plataformas sobre as empresas que realizam as suas vendas e o quão individualizados podem ser os produtos ou serviços por conta do comportamento recorrente na área financeira dos negócios parceiros.
Fonte: Whow! Inovação
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